28
fev
08

Entrevista: diretor Dean Alioto de Alien Abduction

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Gostei tanto de Alien Abduction que fui atrás do diretor Dean Alioto. Procurei aqui, procurei ali e encontrei o contato do homem. Arrisquei… e consegui esta entrevista muito bacana que, generosamente, o diretor me concedeu via e-mail. Muito gente fina! Com vocês, as palavras de Dean Alioto, que também dirigiu mais recentemente os filmes Crashing Eden e L.A. Dicks.

Garrettimus: Dean, posso chamá-lo de Dean? Como acabou envolvido no projeto de Alien Abduction: Incident in Lake County?

Dean Alioto: Claro, todo mundo me chama de Dean! Bem, deixe-me ver se consigo resumir. Em 1987 li o livro “Comunhão” de Whitley Strieber (*), que me deixou profundamente assustado, mexeu comigo. À época eu já era fã dos filmes de alienígenas de Steven Spielberg (Contatos Imediatos do Terceiro Grau e E.T.), porém, como cineasta, desejei saber como seria uma abdução real, para valer, se alguém conseguisse filmá-la com uma câmera doméstica, uma handy cam. Só dispunha de 6.500 dólares para fazer um filme, portanto, usar câmeras de vídeo caseiras era a opção ideal – e barata – para produzi-lo. Chamei-a de “Ufo Abduction” e, antes mesmo que o filme pudesse ser lançado, a empresa de distribuição pegou fogo, foi abaixo. De maneira inédita, alguém conseguiu salvar uma cópia, antes do incêndio, e publicou o material para a comunidade Ufológica. Surpreendentemente, respeitados experts do fenômeno UFO aceitaram o vídeo como verdadeiro até que a FOX TV, por meio da série “Encounters”, fez uma matéria sobre mim e sobre meu filme de disco voador. Dois anos depois, o roteirista principal de uma série de TV policial na qual trabalhava me prometeu que conseguiria um acordo para que meu filme fosse refeito, desta vez para a tevê especificamente, com o pessoal da Dick Clark Productions. Um ano à frente, em Vancouver, estávamos gravando com o pessoal de efeitos especiais de “Arquivo X”. Um sonho que se tornou real para mim! Foi o primeiro filme para TV Digital da história, bem como o primeiro filme televisivo filmado em apenas uma semana. Sinto-me lisonjeado por ter feito esse projeto e por ter, através dos anos, recebido e-mails de fãs, como o seu justamente, elogiando o trabalho.

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Garrettimus: A naturalidade dos atores, que parecem realmente assustados, impressiona. Como conseguiu aquelas performances?

DA: Eu batia neles, durante os ensaios, com tacos de Beisebol, sabem, para manter o clima, deixá-los assustados, ha ha ha. Na verdade, como o filme foi feito sempre em tomadas de 20 minutos, e não com horas ou dias de intervalo, eles conseguiram se “manter” nos personagens mais facilmente, ou seja, puderam manter o nível de interpretação naturalmente. Entre as tomadas, eu lhes dizia que seus entes queridos nunca mais os veriam! No fundo, tínhamos um excelente elenco que fez um trabalho fantástico.

Garrettimus: É verdade que a filmagem original tinha duas horas de duração? Por que teve que diminuir o filme afinal?

DA: A Dick Clark Productions tomou o filme de mim e de meu parceiro, Paul Chitlik, depois que o novo chefão da emissora UPN (United Paramount Network) viu uma edição crua do filme e não compreendeu o feeling do projeto, não achou grande coisa, não gostou do resultado. A versão americana acabou tendo, a contragosto, apenas uma hora; o filme foi encurtado na marra pelos caras. Acabou que o presidente da UPN ficou tão envergonhado ao saber que Alien Abduction foi um sucesso de audiência, após a exibição, que jurou nunca mais exibi-lo na grade da emissora – só de raiva. A versão estrangeira, por outro lado, tem duas horas de duração – incluindo comerciais. (N.E.: foi esta a que vi!).

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Garrettimus: Voltando aos atores, como você gerenciou a continuidade do filme? Os atores não sabiam aquelas falas de antemão, certo? Ao menos, não parece!

DA: Bem, na verdade sabiam, sim, tudo estava decorado. Quando fizemos o primeiro ensaio, descobrimos que nosso roteiro de 90 páginas se transformou em meros 45 minutos na tela por que os diálogos acabavam saindo muito rápido devido ao “nervosismo” do enredo. Então, Paul e eu escrevemos mais 90 páginas de diálogos em menos de uma semana para que os atores memorizassem antes de filmarmos. Fiz também com que os atores improvisassem em algumas cenas do ensaio e aproveitei as melhores partes, usando o material no novo roteiro.

Garrettimus: Particularmente, gostei muito das cenas que envolvem o disco voador aterrissado. É possível até ver “coisas” se mexendo no andar de cima, no caso, atrás de escotilhas. Como foi o efeito do disco voador? Era uma maquete em escala?

DA: É, o set do disco voador tinha dois andares! Como observou, tínhamos pessoas vestidas de aliens no “segundo andar” da nave. O diretor de arte de Arquivo X, Clyde Klotz, criou a nave com base em meus designs iniciais.

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Garrettimus: Você não pensa em lançar o filme em DVD?

DA: Acho que, quando tiver um pouco mais de “bala na agulha” em Hollywood, talvez eu possa convencê-los a lançar meu filme. Por enquanto ele é uma jóia perdida, um cult que as distribuidoras ainda não descobriram.

Garrettimus: Você teve algum problema com a comunidade Ufológica, os chamados Ufófenas (pessoas que acreditam em tudo que se fala sobre OVNIs), quando descobriram que o filme não era real, ou seja, que era uma farsa, um hoax?

DA: Não foi algo direcionado a mim. Sei que se sentiram um pouco traídos pelo filme, afinal, foi apresentado como uma filmagem real de abdução alienígena. Não achei legal que, após a conclusão do projeto, adicionou-se na versão americana uma entrevista do Ufólogo Stanton Friedman por meio da qual pareceu que o especialista validava a veracidade do material. Isso não foi nada legal.

Garrettimus: Já teve a oportunidade de ver algum filme brasileiro, especialmente algum de Terror? Quem sabe um do Zé do Caixão?

DA: Gostaria de dizer que sim, mas me dê alguns nomes e vou tentar alugá-los!

Garrettimus: Bem, é um prazer imenso ter sua entrevista no meu blog. Ganhou um novo fã! Obrigado mesmo!

DA: Muito obrigado pela entrevista, pelas perguntas legais, continue olhando o céu (**)! Paz, Dean.

* O livro “Comunhão”, de Whitley Strieber, virou um filme independente (“Estranhos Visitantes”) estrelado por Christopher Walken. Aliás, muito bom!

** Aqui Dean fez referência ao clássico da FC e Terror, “The Thing from Outer Space”.

26
fev
08

Alien Abduction: Incident in Lake County

alienabduction8okeq9.jpg Uma das primeiras idéias de Steven Spielberg sobre alienígenas, reza a lenda, acabou virando o filme Poltergeist. O conceito original, porém, era mostrar uma família suburbana ameaçada por alienígenas malvados que queriam adentrar sua residência e abduzi-los. A idéia do filme de Terror foi alterada e o diretor produziu Poltergeist ao invés, e ganhamos E.T., o filme de alienígena, como uma fábula moderna.

De fato, o tema abdução extraterrestre não é novo no Cinema, há diversos filmes do gênero; alguns bons, outros medianos. Um filme, porém, chamou-me a atenção enquanto navegava pelas águas turvas do Cinemageddon: Alien Abduction – Incident in Lake County.

Acabei de assistir ao vídeo. Trata-se de uma produção televisiva de 1998 nos moldes de A Bruxa de Blair (e agora, também, similar à Cloverfield) e realizada com orçamento baixíssimo. O único diferencial em relação ao da bruxa é que, além de tê-lo precedido em um ano, realmente fiquei assustado ao ver Alien Abduction. O filme, que faz as vezes de um documentário em que uma câmera/fita de vídeo é encontrada por um policial dias depois de uma família ter sido aterrorizada por aliens em sua casa isolada, surpreendeu-me positiviamente.alienabduction17.jpg

No enredo, após um aparente blecaute na noite do Dia de Ação de Graças, os irmãos Matthew, Tommy, Brian e Kurt, por farra e até mesmo por curiosidade, vão investigar o motivo da escuridão: estranhas explosões em um pequeno transformador de energia elétrica à beira da floresta, o que em tese teria gerado o apagão. Como a família McPherson mora em um local afastado no estado de Montana, há matas, bosques e casas muito distantes umas das outras naquele condado, Lake County. Detalhe crucial: um deles, que deseja ser um diretor de vídeo clipes, não larga a filmadora de vídeo por nada, filma tudo com sua handy cam.

Em meio às explosões estranhas do transformador, localizado no alto de um poste, o video maker descobre algo na mata à esquerda, algo que parecia ser um OVNI atrás de umas árvores, aterrissado. Momentos depois, descobrem que há “ocupantes” perambulando perto do objeto, seres que parecem molestar algumas vacas da propriedade vizinha. A partir daí os irmãos acabam avistados pelas criaturas… Meus amigos, é ver para crer – e se divertir bastante. E até sentir uns calafrios! Qual seria o destino dos membros da família na casa próxima, que também incluía esposas e namoradas?

É incrível o que um bom diretor, no caso o premiado Dean Alioto (que até faz uma ponta), pode fazer com pouca grana, com luz e, principalmente, com a ausência dela. E sempre, como ensinou nosso mestre Hitchcock há algumas décadas, utilizando mais sugestão e menos exposição. A fita é apresentada como algo genuíno, que realmente teria acontecido, e essa “aura” de mistério, regada com depoimentos de “especialistas” que assistiram à mesma previamente, deixa o filme ainda mais saboroso. E saiu antes do filme da bruxa! Quando de seu lançamento, em 1998, causou até furor no meio Ufológico.

lakecoun01.jpg Infelizmente, Alien Abduction não foi lançado em VHS ou DVD, só pude assisti-lo por que o encontrei para download, via bit torrent, no excelente Cinemageddon, mais precisamente aqui.

Para uma experiência mais legal, apague as luzes e assista sozinho!

Aliás, os diretores de A Bruxa de Blair e de Cloverfield deviam ter visto este filme antes de realizarem os seus… Iam chorar como crianças quando percebessem como Alien Abduction é muito melhor e custou bem menos dólares.




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